domingo, 31 de outubro de 2010

História do Cigarro

Produto é criação européia inspirada em antigo hábito indígena
Há indícios que os primeiros fumantes foram os índios das Américas. Para alguns pesquisadores, os antigos moradores do nosso continente começaram esse hábito 8 mil anos atrás. Mas o cigarro como o conhecemos, com folhas de tabaco picadas e enroladas em papel, é uma invenção européia. Para entender essa história, é preciso voltar ao século 10. Data dessa época o primeiro registro arqueológico do uso de tabaco. Trata-se de um vaso de cerâmica, decorado com a imagem de um grupo de maias tragando folhas enroladas com uma espécie de barbante. As estratégias para enrolar as folhas variavam. Os astecas as colocavam dentro de tubos de cana, e outras tribos as envolviam em cascas de milho. Em 1492, Cristóvão Colombo desembarcou na América. Junto com ele veio o navegador espanhol Rodrigo de Xeres. Depois de provar um cachimbo dos índios das Bahamas, ele não ficou um único dia sem fumar. Na volta para casa, levou tabaco na bagagem. Logo os europeus criaram outras formas de consumir a folha. Ainda no século 16, surgiram os charutos, que eram caros e restritos aos ricos. Mas os trabalhadores de Sevilha arranjaram um jeito para dar suas tragadas: eles apanharam restos de charutos nas ruas, picaram tudo e enrolaram em papel. Nascia assim o cigarro. Passaram-se 300 anos até que ele se popularizasse. Em 1880, 58% dos usuários de tabaco mascavam fumo e só 1% preferia cigarros. A situação começou a mudar em 1881, quando o americano James Bonsack (1859-1924) inventou a máquina de enrolar o produto. Durante a Primeira Guerra, a distribuição nas trincheiras multiplicou o mercado. Hoje, 1,1 bilhão de pessoas fumam. Recentemente, vários países europeus (e também alguns estados do Brasil) aprovaram leis que proíbem o consumo de cigarro em lugares públicos.

Substâncias tóxicas do cigarro.


1- Nicotina
O cigarro é uma grande engenharia de veiculação, disponibilização e entrega do alcalóide de nicotina. Essa é a grande responsável pela sensação quase que imediata de prazer, facilitando a instalação da dependência. Quanto mais rápida uma substância psicoativa chega ao cérebro, maior é o seu potencial de criar a dependência. A nicotina consegue em apenas 10 segundos fazer todo o percurso de ser inalada, absorvida pelo pulmão, passar para a corrente sanguínea e desencadear um impacto cerebral, liberando a dopamina, uma substância que propicia uma imensa sensação de prazer. Essa rapidez de impacto cerebral só é comparada com a cocaína.

A maioria dos cigarros contém até 10 miligramas de nicotina, porém em cada tragada o fumante absorve de 1 a 2 miligramas. A quantidade absorvida depende da característica individual da tragada que pode ser suave ou forte, com maior ou menor força de compressão dos lábios sobre o filtro. Assim cada fumante desenvolve sua forma peculiar de tragar, satisfazendo-se com a sua dose necessária de nicotina.

A vida média da nicotina no sangue é inferior a 2 horas, quando esse tempo se esgota, a concentração de nicotina no sangue reduz, surgindo os sintomas desagradáveis de abstinência, desencadeando no fumante o desejo de um novo cigarro.

Em 1997 a nicotina foi considerada pela Organização Mundial de Saúde uma droga psicoativa, responsável por causar dependência física.

Para reduzir o potencial de instalação da dependência, os cigarros teriam que ter uma diminuição em torno de 95% no seu teor de nicotina.

A nicotina é responsável pelo aumento do ritmo cardíaco, infarto agudo do miocárdio, derrame cerebral, angina, elevação da fração ruim do colesterol (LDL), menopausa precoce, gastrite, úlcera gástrica, enfisema pulmonar, bronquite crônica entre outras doenças.

Gases tóxicos

1- Monóxido de carbono (CO)
Mesmo gás que sai dos escapamentos de automóveis. Considerado tóxico, tem 250 vezes mais afinidade com a hemoglobina (componente do sangue) quando comparado ao oxigênio, ou seja, o CO ao entrar na hemoglobina forma a carboxihemoglobina, que dificulta a oxigenação dos tecidos do corpo.

Em conseqüência há a redução do desempenho do organismo para atividade física, dificulta as trocas de nutrientes e a cicatrização.

O fumante de 20 cigarros/dia pode ter níveis de monóxido de carbono de 5 a 10 vezes mais elevados, quando comparado com os não fumantes.
2- Amônia
A indústria tabaqueira ao observar que grande quantidade de nicotina dos cigarros não era liberada durante a queima do cigarro, desenvolveu a “tecnologia da amônia”, um produto químico geralmente utilizado na limpeza doméstica. Essa substância é corrosiva para o nariz e olhos. Quando adicionada ao tabaco, ajuda tanto na vaporização mais rápida da nicotina durante a queima do cigarro, quanto no seu depósito pulmonar. Todo esse mecanismo tem como objetivo acelerar a chegada da nicotina ao cérebro, ocasionado uma sensação quase que imediata de prazer.

Sendo depositada no pulmão, agrava o enfisema e a bronquite crônica do fumante.
3- Tolueno
Gás tóxico encontrado no escapamento de carros. Utilizado na fabricação de borrachas, óleos, resinas, tintas, colas, detergentes e explosivos.

Ao ser inalado, deposita-se na gordura do corpo e lá permanece durante anos. 

Ocasiona a depressão do sistema nervoso central. A longo prazo, mesmo em baixos níveis de exposição, leva a dores de cabeça, perda do apetite, alterações nos ciclos menstruais.
4- Cianeto
Forma-se com a queima do cigarro. É reconhecidamente carcinogênico.
Utilizado nas indústrias para a manufatura de fibras, plásticos, tintas, pesticidas, usado como gás para matar ratos.

Na Segunda Grande Guerra foi utilizado em grandes quantidades, levando a morte dos prisioneiros nos campos de concentração. Inalado em pequenas quantidades pode levar a tonturas, dores de cabeça, náuseas e vômitos.
5- Butano
Gás tóxico, inflamável, podendo ser mortal, Utilizado no isqueiro e também como gás de cozinha. Sua inalação ocasiona: dificuldade respiratória, alterações visuais e coriza.
6- Cetonas
Produto entorpecente e inflamável, sendo mais conhecido entre as mulheres como removedor de esmaltes, presente na fumaça do cigarro. A inalação em pequenas quantidades irrita a garganta, ocasiona tonturas e dores de cabeça, em grandes quantidades pode levar à morte.
7- Terebentina
Substância tóxica obtida através da extração de resinas de pinheiros. É um diluente de tintas a óleo, usado também para a limpeza de pincéis.
Ao ser inalado provoca irritação nos olhos, vertigem, desmaios e lesões no sistema nervoso.
8- Xileno

Produto inflamável e cancerígeno encontrado em tintas de caneta. Ao ser inalado ocasiona irritação dos olhos, tontura, dor de cabeça e até a perda de consciência. Se ingerido, provoca pneumonia. As indústrias de canetas estão retirando o xileno da composição de seus produtos, devido aos riscos que oferece à saúde.
9- Ácido levulínico
Adicionando esse ácido no cigarro as indústrias de tabaco descobrem que a dureza da nicotina é disfarçada, bem como o teor de alcatrão nas frações de nicotina é reduzido, ajudando-as a manterem-se dentro das exigências legais.

O ácido levulínico torna o sistema respiratório superior menos sensível ao fumo, favorecendo as tragadas mais profundas.
Metais tóxicos
1- Arsênico
Metal empregado na fabricação de venenos contra insetos. Muitos fumicultores utilizam pesticidas à base de arsênico, para se verem livres das pragas em suas lavouras de fumo.
Ocasiona lesões ao ser armazenado no fígado, rins, coração, pulmões, ossos e dentes.
2- Cádmio
Metal pesado, tóxico e cancerígeno que provoca lesões no fígado, rins, pulmões e cérebro. Além de câncer pulmonar, próstata, rins e estômago.
Pode permanecer no corpo por até 30 anos.
3- Acetato de chumbo
Substância que está presente na fórmula das tinturas para cabelo, com potencial cumulativo no corpo humano, podendo ocasionar o aparecimento de câncer de pulmão e rim. Deposita-se nos pulmões, levando a perda da capacidade de ventilação desse órgão, gerando falta de ar, enfisema e câncer de pulmão. Quando inalado ou ingerido altera o crescimento de crianças e adolescentes. Provoca anorexia e dor de cabeça. Pode permanecer no corpo entre 10 a 30 anos.
4- Fósforo P4 P6
Substância encontrada em fertilizantes e produtos de limpeza bem como em produtos raticidas. É venenoso, podendo ser mortal para o homem, de acordo com a dose ingerida. 

Substâncias cancerígenas presentes no cigarro

1- Alcatrão
É um termo usado para definir um conjunto de partículas sólidas orgânicas e inorgânicas, que são absorvidas pelo fumante quando o cigarro é aceso. Entre seus compostos encontram-se 43 substâncias cancerígenas, como por exemplo:  Arsênico, Polônio 210, Carbono 14, DDT, Níquel, Chumbo, Benzopireno, Cádmio, Dibenzoacridina.
Grande parte das substâncias tóxicas do cigarro está sob a forma gasosa, não sendo incluída como componente do alcatrão, dando a falsa impressão de que não agride o organismo.
Cigarros com menor teor de alcatrão não são mais seguros para a saúde, pois contêm vários produtos tóxicos e cancerígenos.
O alcatrão no corpo do fumante ocasiona manchas nos dentes, dedos, deposita-se nos pulmões gerando uma coloração castanha escura.

2- Polônio
É um raro elemento radioativo, sendo o Polônio 210 a sua forma mais comum.
O polônio produz um tipo de radiação extremamente prejudicial chamada de alfa-radiação, que geralmente são bloqueadas pelas camadas da pele. Na fumaça do cigarro foram identificados vestígios de polônio, esses são depositados nas vias aéreas emitindo radiação para as células a sua volta. Estima-se que um fumante de 30 cigarros/dia está exposto à radiação equivalente a 300 RX de tórax em 1 ano.
3- Níquel
Usado na produção de aço inoxidável, ligas, moedas, galvanoplastia e pilhas alcalinas.
Armazena-se no fígado, rins, coração, pulmões, ossos e dentes. Sua inalação desencadeia alterações no estômago e intestinos, aumenta as chances de infecções respiratórias e câncer.
4- Benzeno
É produzido durante a queima do cigarro. Utilizado como pesticida, na composição do detergente e da gasolina.
Também considerado cancerígeno. Ao ser inalado é absorvido pelos pulmões onde provoca danos irreversíveis a longo prazo, como o enfisema e a asma em crianças filhas de pais fumantes. Transportado por todo o corpo em especial para o fígado. A exposição ao benzeno pode provocar leucemia entre 2 a 50 anos. 
5- N- Nitrosaminas
Responsáveis pelas alterações do DNA, portanto consideradas cancerígenas ambientais, ou seja, o não fumante exposto a fumaça do cigarro em ambientes fechados, ao inalar essas substâncias tem mais chances de desenvolver câncer.  
Quando o fumo é associado com o álcool seu efeito carcinogênico amplia-se.

6- Formaldeído
Utilizado na conservação de cadáveres e na fabricação de produtos químicos para matar bactérias, fertilizantes, corantes e desinfetantes.
A fumaça do cigarro em ambientes fechados possui concentrações de formaldeído que podem chegar a níveis 3 vezes maiores, quando comparadas com o ar livre.
Provoca doença respiratória, reações alérgicas como asma, coceira nos olhos, além de tonturas, diminuição da coordenação motora, dores de garganta e alteração do sono. Suspeito de ser cancerígeno para os seres humanos.
7- Acroleína
Gás com um forte cheiro nauseante, sendo o de maior concentração no cigarro.
O cigarro contém 1.000 vezes mais acroleína quando comparado com outros produtos químicos que fazem alteração do DNA, sendo possivelmente o maior responsável pelo câncer de pulmão, bem como o formaldeído e acetaldeído que estão classificados no mesmo grupo.
Essas alterações são bem parecidas com as causadas pelo arsênico e cádmio.
Responsável pela destruição dos cílios pulmonares, fundamentais para a defesa das toxinas inaladas.

Partes do cigarro



1- Filtro
Atualmente, quase todos os cigarros possuem filtros, supostamente para minimizar a absorção
das substâncias tóxicas do cigarro. O fumante tem a falsa sensação de que está protegendo a sua saúde, ao receber dose mais baixa e segura de nicotina e alcatrão.
Os filtros são formados por furos responsáveis pelo sistema de ventilação. O fumante faz um mecanismo de compensação, ou seja, ao aspirar a fumaça durante a tragada, comprime os furos do filtro com os lábios ou dedos, absorvendo as elevadas quantidades de nicotina e alcatrão que o seu corpo necessita.
No filtro encontramos o Butano que serve como combustível para o isqueiro e como gás de cozinha. Ao ser inalado causa falta de ar, problemas na visão e coriza. Esse gás pode causar a morte e é altamente inflamável.
Outra substância encontrada no filtro é o Polônio 210, um componente do lixo nuclear, além da amônia.
2- Papel
O papel é o invólucro do tabaco. Em sua composição existe o óxido de titânio, responsável pela quantidade e densidade de produção de fumaça e também pelo tempo que o cigarro permanece queimando. 
O papel contém os chamados “Burn Rings”, que controlam o tempo de queima do cigarro. Durante as tragadas a queimada é mais rápida para liberar uma maior quantidade de nicotina, nos intervalos entre elas a queima é mais lenta para aumentar a vida do cigarro.
O óxido de titânio pode ocasionar tosse, espirros, vermelhidão e inchaço na pele e nos olhos.
Outra substância encontrada no papel do cigarro é o Mentol. Esse tem a propriedade de diminuir o reflexo da tosse e disfarçar a sensação de secura na garganta, geralmente sentida pelos fumantes. Encontramos também um inseticida chamado Metopreno, além do solvente químico Benzeno.

Outras substâncias

1- Acetaldeído
É utilizado no combustível, cola, tintas, plásticos, borrachas sintéticas, couro, espelhos.

A indústria do tabaco desenvolveu estudos sobre a ação do acetaldeído conjuntamente com a nicotina em ratos de laboratório. Observou que ação das duas substâncias favorece o potencial de dependência da nicotina.

Em humanos, pequena quantidade de acetaldeído leva à irritação da pele, dos olhos e do sistema respiratório.
2- Naftalina
Usado como veneno para matar barata. O contato com essa substância provoca tosse, irritação na garganta, náuseas, distúrbios gastrointestinais, renais e oculares, além de anemia.

O Pulmão e o Coração

O pulmão humano é composto de pequenos glóbulos chamados alvéolos. O fluxo de sangue e a irrigação sanguinia entre o coração e o pulmão são intensos. A fumaça do cigarro prejudica diretamente o funcionamento do sistema coração-pulmão. Com o passar do tempo os alvéolos pulmonares vão sendo cimentados pelos componentes da fumaça do cigarro, deixando de fazer sua função. O organismo então passa a ter menor oxigenação dos tecidos, resultando em maior facilidade de cansaço para o fumante. O cigarro também causa inúmeros danos ao coração, tal como infarto.